quinta-feira, 13 de maio de 2010

Best-seller "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" surpreende e vira mania

"Os Homens que Não Amavam as Mulheres", do jornalista sueco Stieg Larsson é magnético da primeira à última página, o ágil calhamaço vendeu milhões mundo afora, nas mais diversas traduções, e já está escalado para o cinema.
O sucesso é mais do que merecido. Fazia tempo que um best-seller não agradava igualmente público e crítica. A história tem elementos autobiográficos. Tal como o comunista Larsson, que foi editor da "Expo", uma revista cujo alvo era a execrável e racista ultra-direita européia, Mikael Blomqvist, personagem principal, é o jornalista responsável pela "Millenium", revista claramente de esquerda, que atua denunciando os mandos e desmandos das grandes corporações financeiras.

Acusado injustamente de caluniar um corrupto magnata numa reportagem, Blomqvist é obrigado a sair de cena. Mas não por muito tempo. O industrial Henrik Vanger logo o contrata para uma missão que a princípio parecia impossível ou mesmo inútil: descobrir o que aconteceu com uma sobrinha desaparecida há 40 anos. Vanger acredita que ela foi assassinada por um dos membros da família, a qual detesta, mas não há pista alguma - a própria polícia arquivou o caso.

Blomqvist muda-se para a ilha onde vive a disfuncional dinastia Vanger, cujos integrantes parecem saídos de um quadro de Goya, e começa a investigar sem muito empenho. Inesperadamente, ganha a ajuda da jovem e surpreendente Lisbeth Salander, uma hacker franzina com pinta de punk, um passado infernal e uma inteligência fora do comum, ainda que beirando o autismo.

Juntos, os simpáticos e heterodoxos detetives chegam perto de solucionar o mistério, até que um gato esquartejado amanhece em frente à cabana em que estavam hospedados. Daí em diante o livro ganha contornos tétricos e violentos, em que sexo e crueldade se misturam, e as mulheres, como o título indica, são as maiores vítimas.

"Os Homens que Não Amavam as Mulheres" é o primeiro título de uma série que o autor deixou inconclusa. Larsson entregou os três primeiros volumes à sua editora pouco antes de morrer subitamente, aos 50 anos, em 2004. Há quem suspeite de que tenha sido assassinado por um de seus muitos inimigos - ao longo de sua carreira de jornalista engajado, ele recebeu muitas ameaças de morte de grupos neonazistas e agremiações semelhantes.

O livro virou mania na Europa e EUA, onde já foi lançado o segundo título da série. Fala-se que existe um quarto volume inacabado. Larsson ainda teve tempo de dar uma entrevista, na qual explicou o porquê de entregar três livros de uma vez só: é que ele estava se divertindo tanto ao escrevê-los que não viu o tempo passar e fez a trilogia num mesmo impulso. Ah, esse também pode ser um bom requisito para definir o bom best-seller - que o objetivo principal do autor não tenha sido a fama e o sucesso, mas a satisfação pessoal.

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